cover
Tocando Agora:

Mulheres que superaram o câncer de mama encontram recomeço pós-doença em esporte chinês milenar, em Curitiba: 'Aqui a gente só fala em vida'

Mulheres que superaram o câncer de mama encontram recomeço em esporte chinês milenar Pelas águas do Parque Náutico, em Curitiba, um grupo feminino de canoa...

Mulheres que superaram o câncer de mama encontram recomeço pós-doença em esporte chinês milenar, em Curitiba: 'Aqui a gente só fala em vida'
Mulheres que superaram o câncer de mama encontram recomeço pós-doença em esporte chinês milenar, em Curitiba: 'Aqui a gente só fala em vida' (Foto: Reprodução)

Mulheres que superaram o câncer de mama encontram recomeço em esporte chinês milenar Pelas águas do Parque Náutico, em Curitiba, um grupo feminino de canoagem demonstra toda a força e a vontade de desfrutar de uma vida saudável por meio de uma modalidade de canoagem conhecida como Dragon Boat. São 24 mulheres que, além do apreço pelo remo, carregam outro ponto em comum: todas venceram o câncer de mama. A modalidade que o grupo pratica tem origem chinesa milenar e é referência no tratamento para mulheres com câncer de mama, segundo pesquisas do canadense Donald McKenzie. Trabalhos do pesquisador revelaram que o esporte promove um impacto positivo para a saúde física e mental das participantes. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp O esporte exige força física, mas o esforço que elas têm para remar, nem de longe, se compara à resiliência que tiveram que ter para enfrentar o câncer. Patrícia Olibratoski, de 50 anos, recebeu o diagnóstico da doença um mês depois que a irmã Andréa Olibratoski, em 2021. Com o histórico de câncer na família, a professora desconfiou do tumor após notar um nódulo debaixo do braço enquanto tomava banho. “A minha irmã salvou minha vida, porque o meu câncer estava nas axilas. Se não fosse por ela, eu não iria ao médico, tenho certeza”, compartilha. Patrícia e a irmã enfrentaram a doença juntas. Segundo a professora, durante o período de tratamento, as duas não abriram mão de nada por estarem com câncer. “A gente não desmoronou, ficamos bem fortes. A gente colocava a peruca e ia para o barzinho”, relembra. Patrícia (em pé) e irmã Andréa. Arquivo pessoal Confira mais histórias inspiradoras: Vovó viajante: Aos 67 anos, paranaense dirige sozinha pelo litoral brasileiro Inspirado na Pixar: Paranaense pede namorada em casamento com 'filme' feito por IA Encantamento pela vida Patrícia Fernandes é praticante do Dragon Boat desde 2022 Matheus Karam/g1 Após a cura da doença, Patrícia descobriu o grupo de canoagem no período da campanha do Outubro Rosa, mês de conscientização do câncer de mama. Estimulada a fazer exercícios, ela descreve que não gostava de atividades ao ar livre, mas que percebeu no grupo um encantamento pela vida. Para participar, ela precisou enfrentar o medo de práticas na água. “O melhor dia da semana é quando tem treino. Aqui, ninguém fala do câncer, a gente só fala em vida, e me identifiquei na hora, porque era isso que eu estava procurando”. Assim como a professora, em média 3,9 mil pacientes recebem o diagnóstico do câncer de mama por ano no Paraná em 2025, segundo dados da Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa). Como forma de prevenção da doença, segundo a mastologista Karina Anselmi, a atividade física pode ser uma aliada para os pacientes, reduzindo em até 30% a chance da doença se desenvolver. Canoagem e a recuperação pós-câncer de mama Deborah Voss é a capitã do time de Curitiba Matheus Karam/g1 Deborah Voss, capitã do Canohá Dragon Team, teve câncer de mama em 1998 e reincidência da doença em 2016. Ela começou a praticar atividades físicas que levassem ao começo de exaustão, seguindo uma recomendação médica, após passar por um câncer de tireoide. A capitã entrou para o remo e, algum tempo depois, descobriu os benefícios que o esporte traz para quem passou pela cirurgia oncológica da mama. Então, começou a formar um time em Curitiba com mais mulheres que também tinham passado pelo tratamento e estavam atrás de um bem-estar pós-doença. “A gente fica com algumas sequelas físicas, às vezes emocionais, mas a gente tem que viver com qualidade [...] mulheres juntas no mesmo propósito tem uma força e uma potência muito grande”, relata Deborah. Em tratamentos do câncer, alguns pacientes precisam fazer o esvaziamento dos linfonodos axilares – glândulas do sistema nervoso que controlam infecções –, como explica a mastologista Karina. Por conta da operação, pode haver uma limitação no braço de quem passou pelo tratamento. “A canoagem vem para você remar com o seu outro braço. Para que você traga essas pacientes para a atividade física, mesmo ela tendo a nossa limitação do braço que ela foi operada”, diz a médica. Por conta da grande atividade braçal, o exercício do remo também auxilia na prevenção do linfedema no braço das pacientes, que é o inchaço decorrente do esvaziamento axilar. Mas, além da questão física, o remo também ajuda na saúde mental das pacientes pós-tratamento, na atuação de acolhimento e propósitos semelhantes. Conforme Deborah, participar de um grupo assim é ressignificar o conceito de vida. Dragon Boat Mulheres no Dragon Boat Matheus Karam/g1 O ritmo das remadas do barco, que pode pesar até 250 quilos, é definido pela drummer – pessoa que fica na dianteira do barco com um tambor. Na polpa, outra integrante da equipe atua como timoneira, que direciona o barco pelas águas. A modalidade teve origem na China, mas a descoberta que ela tinha benefícios para pessoas que tiveram câncer de mama foi do médico canadense Donald McKenzie. O profissional queria entender se o remo era seguro para mulheres que retiraram a mama. Em um dos experimentos que fez, ele reuniu um grupo de mulheres no remo que fizeram três meses de atividades físicas em academia e três meses na embarcação do Dragon. Depois da pesquisa, as pacientes apresentaram ganho gradativo de força e amplitude do movimento do braço, além disso, nenhuma delas teve linfedema. Atualmente, equipes do Dragon Boat estão espalhadas por todos os continentes do planeta. No Paraná, a equipe de Curitiba se reúne todo sábado, às 8h, em treinos no Parque Náutico. Para participar, as interessadas precisam apresentar um documento que comprove a cura do câncer de mama. *Com colaboração de Matheus Karam, assistente de produtos digitais do g1, com supervisão de Mariah Colombo e Caio Budel. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias em g1 Paraná.

Fale Conosco